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Se Deus só sabe amar, como pode ser violento, castigar e até matar?

Se Deus só sabe amar, como pode ser violento, castigar e até matar?

Precisamos admitir que as imagens de Deus que existem na Bíblia são contraditórias. No Antigo Testamento, especialmente, há inúmeras passagens bíblicas onde Deus se mostra vingativo e violento, chegando a matar povos inteiros. Essa noção não pode mais ser contestada. Temos autores sérios de teologia bíblica que afirmam que não podemos mais passar por cima destes trechos ou negá-los para defender a imagem de Deus como amor. Se o Deus da Bíblia é contraditório é porque o ser humano é contraditório. Se Deus aparece como violento é porque temos aí autores que assim compreendiam.  O autor bíblico compreendia que Deus estava ao lado do povo fiel e matava os inimigos. Essa compreensão, naturalmente, evoluiu. O fundamentalismo bíblico ainda pode sustentá-la. Mas nenhuma teologia séria sustenta a verdade das afirmações, uma vez que não passam de interpretações do autor bíblico. Ele mesmo interpretava os fatos e colocava Deus do lado dos justos, do povo fiel. Ocorre que para pensar que Deus está do lado do povo fiel não precisamos defender que ele é autor dos castigos e da morte. Deus sempre esteve do lado do ser humano, sofrendo a morte dos justos e dos injustos. Se sofresse somente a morte dos justos não seria amor. É característica do amor querer envolver a todos. Deus não está somente do lado dos justos dando-lhe a vitória contra os injustos. Essa ideia não se sustenta na imagem do Deus puro amor.

A história dos povos traz milhares de conflitos em nome da fé. Conflitos entrincheirados por questões religiosas. A religião nunca foi isenta de conflitos. E mesmo na Bíblia, cada conflito tem sua interpretação, apresentando Deus como autor da morte, da vingança e da vitória. Mas é já mais do que certo que a Bíblia não é um ditado divino, mas que os autores vão fazendo suas interpretações dos acontecimentos, tentando captar a ação de Deus. Essa compreensão naturalmente evolui. Eles tentaram mostrar onde Deus agiu, como agiu e porquê. Mas na interpretação não há pretensão de infalibilidade. A partir de Jesus temos uma palavra mais segura sobre o agir de Deus.

Claro que se pode buscar argumentos para justificar as interpretações dos autores bíblicos. Mas, provavelmente, esse não é o melhor caminho. As passagens que mostram um Deus violento e castigador só se purificam a partir da imagem de Deus amor. E é nessa imagem que devemos permanecer. Nós precisamos submeter os textos a racionalidade, a interpretação moderna e a atualizações a partir da mensagem de Jesus. 

 

Para mim não há problema nenhum ao ler a bíblia, perceber essas contradições e já repensá-las a partir da imagem que Jesus me mostra de Deus. Ao lê-las e ao perceber afirmações sobre o Deus violento, já sei que a palavra definitiva em Jesus não me deixa permanecer nessa ideia. Preciso olhar Deus a partir do amor, que morre e não que mata. Por isso, a interpretação da Bíblia também precisa ser atualizada com coerência. Não há como suportar as infinitas contradições e considerar tudo verdadeiro, só porque veio da Bíblia. O sentido profundo dos textos deve ser submetido a imagem de Deus a partir de Jesus. 

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